Dos diários de Lotte, a fragmentada, arquimaga de Gorbad.
Nos dizem que os deuses criaram este mundo. Que em sua infinita sabedoria, moldaram o caos dos planos em uma terra segura para as raças mortais.
Mentiras, eu lhes digo! A verdade é que esse mundo é uma prisão. Uma prisão forjada de desejos e ilusões, criada para conter entidades vastas demais para a compreensão dos deuses, quanto mais dos mortais! Nossa existência aqui é um mero subproduto e combustível dos selos a muito criados neste plano da realidade.
Muito antes que qualquer humano nascesse, antes que até o mais velho dentre os dragões saísse de seu ovo, nosso mundo era apenas um ponto de luz em meio as trevas. Resplandecendo em meio a muitos como ele. Mundos jovens, repletos de potencial, aguardando os acasos do universo, e os seres que viriam.
Do lado de fora, o que vocês chamam de "deuses" lutavam contra coisas piores. Seus progenitores buscavam a preservação daquele caos primordial; Aqueles pontos de luz surgindo na noite infindável lhes eram ofensivos, e nada lhes interessava mais do que apagar essas chamas nascentes, antes que seu fulgor lhes consumisse.
Seus "filhos", se é que taís palavras se aplicam nesse contexto, viam com curiosidade o surgimento da ordem na existência. Logo surgiriam as raças primevas, surgidas ao acaso, como resultado da passagem desses "primordiais' pelos mundos. Os deuses observaram, entusiasmados.
Os pensamentos daqueles seres os fortaleciam, perceberam! Não podiam deixar que fossem destruídos! Durante milênios, os deuses e os primordiais guerrearam. Em sua luta, incontáveis mundos se perderam, antes que os deuses percebessem que seus ancestrais eram de fato, imortais.
A solução para esses impasse foi usar daquilo que mais odiavam como sua prisão; Era obvio para os deuses que a ordem desses mundos era um anatema para as entidades caóticas que lhes criaram. Não poucos desses "globos" foram sacrificados para selar os primordiais, e nosso mundo não foi um dos sortudos.
Três primordiais entre nós foram aprisionados; Três seres de poder incomensurável, alienígenas até mesmo para os deuses. Helionetride, O Sol que nunca se apaga, cujo corpo era o fogo, e dele partia toda a luz e do o calor da existência, teve sua alma aprisionada entre as estrelas, condenado a iluminar diretamente um mundo que odiava. Croptirinas, o Sedutor nas sombras, formado de doces mentiras e idéias perversas, preso na mais profunda escuridão, onde ninguém poderia ouvi-lo. E por último, Aquele que em tudo se encontra, cuja corpo se formava das idéias de todas as coisas, feito em 11 pedaços pelos deuses, sua carcaça foi usada para remodelar o mundo em uma prisão perfeita.
De sua Ira, formaram-se as terríveis montanhas da primeira camada. De seus Temores, as selvas escuras e as bestas espreitadoras da segunda. De seus Sonhos, os mares e oceanos da terceira. Da sua Solidão, os desertos implacáveis da quarta. Da sua Magoa, surgiu a presença desesperadora que destruíu a quinta. Das essências dos deuses que caíram para derrotá-lo, foi esculpida a sexta. Da sua Imaginação e Engenhosidade, vieram as vozes que levaram aos mecanismo e aparatos da sétima. Do seu Ódio, as palavras terríveis que levaram a oitava a guerra sem fim. Dos seus Pesadelos, a paisagem incompreensível da nona, e seus horrendos habitantes. Dos seus Anseios, o imenso potencial da décima, sempre em mutação. E de sua Determinação, o terrendo mortifero da décima primeira, superado apenas pelos mais bravos.
Devem ter visto algo de errado acima. Em onze partes ele foi feito, mas só dez camadas foram feitas apartir dele. Sua ambição, a décima primeira parte, foi transformada em uma alma mortal; Condenada a vagar por um mundo feito de si mesmo, ciente da verdadeira história das terras por onde passa. Em suas encarnações, criou as falhas que permitiram que a tentação Croptirinas atingisse o ouvido dos homens; Libertou as legiões do Sol que nunca se apaga sobre os tolos mortais, e espalhou a verdade insuportável sobre as suas patéticas existências, mero combustível para os deuses e seus selos, sempre de posições de poder, sempre usando uma face diferente.
Aqueles que sabem dessa história supõe que a ambição infidável desse ser supremo teria abandonado os planos de destruir sua prisão. Que estaria buscando métodos de ascender a algo maior, além dos deuses e dos primordiais; Que a sua voz se faz cada vez mais presente pelo mundo, formando legiões de adoradores. Se depender da minha opinião, diria que estão certos. Mas é claro, quem sou eu, uma mortal falha e incompleta, para compreender o divino?
Lotte, A fragmentada
Arquimaga Imperial de Gorbad
Destinado a todos que buscam a verdade.
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