Roleplay: Personagens malignos

Postado por Pedro Henrique Leal 29 de nov. de 2009

Muitas das pessoas com quem joguei gostam de interpretear personagens malignos. Em vários dos fórums em que vou, vejo também uma predileção de alguns por personagens "do mau". E raramente, vejo algo que realmente pareça com um vilão, ou sequer com um anti herói.



Muitas pessoas parecem achar que ser "mal" significa matar sem provocação, ou ser um canalha. Outros, levam essa canalhisse ao extremo, e agem como se chutar mendigos fosse algo que um vilão faria. Parem para pensar, quantos vilões ficcionais agem dessa maneira? Talvez Lex Luthor agisse assim, durante a idade de prata, quem sabe. Mas alguém realemente acha que, sei lá, Darth Vader, saí por aí matando sem NENHUM motivo?

O pessoal que gosta de ser do contra, e jogar com os caras maus, pode se beneficiar muito pensando bem no que é um mal crível. Claro que esse mal cartunesco que descrevi no capítulo anterior pode servir numa sessão simples, ou em uma campanha menos séria, mas em um jogo mais longo, é só irritante. Não usem o Book of Vile Darkness como referência, esse livro resulta no vilão que chuta cãezinhos por diversão.

Um bom personagem mau (estranho, eu sei) é manipulador e interesseiro, mas isso não significa que não possam ser gentis, ou que todos os seus interesses girem em torno de poder ou de posses materiais. Diferenciar interesse genúino de mentiras deslavadas deve ser dificil, no caso de um personagem inteligente; Antes de aceitarem algo "in game", pensem "o que ganho com isso"; O mesmo vale antes de fazer alguma coisa. Mesmo para personagens maus, matar é o último recurso, excetuando-se um psicopata ou algo similar, a maioria dos "Jerkasses" não tem interesse em matar, e não se ganha muito com isso.

Talvez os melhores exemplos de como um personagem maligno deveria agir sejam Dexter Morgan e O coringa, em Batman : The Dark Knight. Embora o coringa caia no velho esteriótipo do "maniaco omnicida", nada do que ele faz é feito em cima de impulsos, e cada ação dele é feita da maneira mais vantajosa. Dexter Morgan é um exemplo ainda melhor: se não fosse pela sua própria narração, jamais suspeitariamos de seu verdadeiro caráter. Apesar de ser um Psicopata, Dexter escolhe seus alvos de uma maneira que o torna interessante como personagem de RPG, e toma precauções absurdas para garantir que ninguém o descubra. A versão dos livros é menos "simpática" em termos de ações, e seu sadismo descarado faz com que seja uma figura muito menos complexa.

O meu último conselho aqui : Não caiam no clichê de "pessoas más tem interesses maus". Não é porque você está jogando com um cara Leal e Mau em D&D que seu personagem precisa se vestir de preto, trajar uma armadura cheia de espinhos, e carregar crânios por aí. Um velho personagem meu, Fausto (nome tirado do livro, não do personagem de Shaman King), era um necromante que por vezes recolhia os cadaveres de seus inimigos. Mas o motivo disso não era uma obsessão com mortos, ou coisa parecida; Até a escolha por necromancia, começou como uma busca por uma maneira de se "derrotar" a morte.

O mesmo vale para o pessoal que gosta de mencionar sexualidade em jogo, não é porque você é mau que tem que ser sádico ou masoquista. O oposto nessas questões é verdadeiro : Um personagem bom pode sim trajar uma armadura negra cheia de espinhos e adornada com crânios, assim como o senhor do mal pode usar trajes brancos e bem cuidados, e ser um homem gentil e carinhoso com seus servos.

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