OPERA RPG: pra que, se temos GURPS?

Postado por Pedro Henrique Leal 16 de nov. de 2009

OPERA (Observadores Perdidos em Realidades Alternativas) é um RPG brasileiro genérico, ultra simulacionista, similar a GURPS. E francamente, não vale o preço (eu paguei 38 reais no meu).

O livro saiu em 2004. A onda dos RPGs de Segunda Geração, como GURPS, acabou no final da décade de 80.


Embora as regras em si não sejam ruins (tirando o capitulo de magias), o livro é péssimo; A diagramação é uma bagunça, cada página tem pelo menos duas referências a outras páginas, indicadas por sublinhado seguido de uma linha que liga à uma tabela na borda interna da diagramação, o que em nada contríbue para a leitura; algumas dessas referências são a itens que não existem, sejam regras, vantagens, desvantagens, ou perícias que não estão em lugar algum do livro. Junto com isso, tem a "arte".

OPERA tem dois ilustradores muito bons (Marcelo Braga e Cenildon Murati), mas a maior parte do livro é ilustrado por Ivã Lucino Camargo, que consegue fazer com que ROB LIEFELD pareça um gênio. Não há sensação de profundidade, a escala não faz sentido, as poses menos ainda, todo mundo no traço dele parece horrendamente deformado, e para completar o horror, há um estranho foco nos mamilos das pessoas.

O sistema de OPERA, reduzido ao nível mais básico, é bem simples : os personagens tem três atributos (Físico, Destreza e Inteligência). Os testes são feitos somando o atributo com quaisquer modificadores relevantes, e comparando com o resultado de 2d6; em testes normais, o número alvo é menor que o atributo modificado, e em testes resistidos vence quem tiver o maior resultado da soma dos dados com o atributo.

Até aí, beleza... quando se entra em detalhes é que o sistema engasga; Para se determinar o efeito de um ácido ou de fogo, por exemplo, é preciso saber quantos m³ da fonte de dano estão em contato com o alvo, e por quanto tempo; a resistência de armaduras é determinada por partes do corpo, receber danos reduz o seu físico, e o sistema de magias é simplesmente incompreensível.O sistema de super-poderes também é desnecessariamente confuso, assim todo o capítulo de veículos, que contém numerosos erros de edição.

Os trechos a seguir realmente são do livro:

"Para cada nível do poder (cavar) e para um sólido de dureza 1, o personagem consegue cavar a 5km/h ou 0,5m³ por round. Para sólidos de dureza diferente, divide-se a velocidade e/ou o volume pelo indíce de dureza"

"Danos (veículos) geralmente, são o ((Bonûs de Dano da Velocidade)x(Chassi original/8)) em colisões de veículos, o dano que um veículo recebe é ((Dano de velocidade da colisão) X Chassi/8 do alvo com o qual ele colidiu)). Se tal alvo for imóvel, o máximo de danos que ele pode levar é seu Chassi/8 multiplicado pela velocidade da colisão"

Detalhe, nas inúmeras caixas de texto do capitúlo de veículos, o livro fala em Chassi/6

O sistema de criação de personagens tem um problema grave, embora de um tipo comum em RPGs, na valorização excessiva de um atributo : O número de pontos que se tem para comprar vantagens e perícias é determinado pelo triplo da inteligência + 10. E da maneira em que o sistema é construído, ter bons modificadores nas perícias vale mais do que um atributo base bom, no caso das perícias de combate, pois sem elas, não se recebe os bonûs da arma que se usa; e falando em perícias de combate, cada modelo de arma usa sua própria perícia, então se você trocar de um revólver (por exemplo) para outro modelo, lá se vão os seus bônus.

Não é um sistema RUIM, mas está muito longe de ser bom; quem gosta de sistemas complicados talvez aprecie OPERA, mas eu não consigo. Eu ODEIO, ODEIO, ODEIO esse livro, é feio, mal organizado, e o sistema me cheira a uma versão piorada de GURPS, onde todas as regras são obrigatórias. Jogar GURPS pra mim já me exige algumas horas de cortes nas regras, OPERA então... Isso é a pura mediocridade em forma de jogo; a idéia não foi ruim, só veio tarde demais, e foi mal implementada, totalmente.

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